Se algo não for feito urgentemente, o Bolhão vai ser demolido e o coração da cidade vai ficar, literalmente, feito em pedaços. Reza a história, contada na primeira pessoa pela minha peixeira do peixe congelado, que em 1998, na altura do Fernando Gomes - para quem não se lembra, foi o tal que traiu o Porto por
Mas um dia, imagino eu, uns quantos gunas forçaram a entrada no gabinete do Sr. Rui Rio e, sob ameaça de canivete suíço, foi vergonhosamente coagido a enfiar o projecto na gaveta, fechá-la à chave e atirar a dita pela janela. A destruição da Avenida dos Aliados? Era ele à procura da chave.
Agora, o projecto aprovado para o Mercado do Bolhão vai desfazer por inteiro o edifício, com 150 anos, deixando apenas a fachada. Um quarteirão inteiro de história e de carácter vai dar lugar a mais um centro comercial - o mercado tradicional vai ocupar uma parte do piso superior a par com restaurantes e lojas de moda e acessórios ficam com todo o resto.
É assim, aos bocadinhos, que o Sr. Rui Rio vai matando o Porto. Só que há quem não se cale, e porque no fundo o que nos resta é mesmo a revolta, já corre na internet a petição "Impedir a demolição do Mercado do Bolhão no Porto" e espero que, pelo menos, consiga mais algum tempo porque apesar do projecto só ter sido aprovado dia 21 de Janeiro deste ano, o Bolhão vai fechar até à Páscoa. Para tapar buracos não andam tão depressa.
É nestas alturas que queria ver o Pedro Abrunhosa algemado ás portas de entrada do Bolhão - isto porque se eu me algemar lá ninguém nota. Entretanto vou fazendo o que posso para que a barraca da minha peixeira do peixe congelado não dê lugar a um cabide da Zara.