12 fevereiro 2007

O post óbvio v2.0 - versão revista e aumentada.

Perguntaram-me, em comentário ao post v1.0, porque estava eu feliz. Ora então, se ainda há dúvidas, aqui fica o esclarecimento sobre a minha posição em relação ao resultado do referendo de ontem.

Mas antes demais permitam-me uma nota sobre a abstenção.
Não me interessa minimamente que a abstenção fosse de mais de 50%, por uma razão muito simples - quem quisesse ir votar que o tivesse feito, quem não quis deixou o poder da decisão aos que foram lá deitar o papel na urna.
Dizer que a abstenção foi um voto mas de protesto, é tapar o sol com a peneira. Quem quer protestar então que o faça sem margem para dúvidas que vá à mesa de voto e vote em branco ou faça um desenho no boletim, agora que não se desculpe dizendo que não concorda com a pergunta ou que nem sequer sabia o que se estava a referendar. Isso é conversa, afinal de contas choveu em todo o país, para toda a gente.
Também não me interessa que o resultado seja vinculativo, ou não como é o caso. Acho que seja qual for a escolha do eleitorado deve ser respeitada, sob pena de cairmos no ridículo de se deixar a decisão nas mãos de quem nitidamente se está nas tintas. Defendi isto em 98 nos dois referendos, defendo isto em qualquer eleição mesmo quando nem sequer se põe a questão de ser ou não vinculativo. Deixar o poder na mão de alguém ingnorando a vontade de quem quer contribuir é a condição base da ditadura.

Agora sobre o estar, obviamente, feliz com o resultado.
Em jeito de ilustração ocorre-me aquela frase do ver o copo metade cheio ou metade vazio. Eu vejo sempre o copo metade cheio, faz parte da minha forma de ser, de estar, de pensar, de agir. Não desisti nunca de refutar um único argumento e de apresentar os meus, quer a quem era da minha opinião e, especialmente, a quem era de opinião contrária. Também não deixei de falar sozinha com a televisão, com o jornal e com o computador quando consultava blogs.
Porquê? Com certeza que não foi pelo grande prazer de falar para as paredes (vá, a televisão não conta) ou escrever para o boneco, mas sim porque acreditava que era a melhor solução para um problema. Porque as minhas convicções têm por pedra basilar acreditar que todos são inocentes até prova em contrário. Porque dos dramas de cada um só sabe quem por eles passa e quem os sente na pele, já lá diz o povo quem está fora racha lenha.
Não me interessa o que podia ter sido, os "se"s incomodam-me. Só os uso para olhar para frente, para escolher caminhos no que ainda está para vir e não para lamentar o que aconteceu e especular se podia ter acontecido de outra maneira.
Isto não passou na AR, o referendo aconteceu, dinheiro e tempo foram gastos. Pretérito perfeito.
A mim interessa-me o presente agora e o futuro daqui a um bocadinho. A minha cruz no quadrado do boletim que tinha por cima escrito Sim, contribuiu ontem para a vitória do caminho que acredito ser o melhor. Por isso estou, obviamente, feliz.

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