19 setembro 2008

Dar uma no cravo e outra na ferradura

É um comportamento que, infelizmente, já ninguém estranha ver nos políticos. Aliás, começa a ser notícia é quando existe uma certa coerência entre a palavra e a acção - o que, mesmo contando com as situações em que até possam ter razão, tem sido cada vez mais raro.

Mas se tal comportamento não me incomoda seriamente quando se trata do preço dos combustíveis ou da lei do tabaco, o mesmo não se passa com a mais recente incoerência deste governo: casamento entre homossexuais.

Após a (na falta de melhor palavra) escandalosa afirmação de Manuela Ferreira Leite:
A sociedade está organizada e tem determinados privilégios, e tem de determinado tipo de regalias e até de medidas fiscais no sentido de promover a família no sentido de que a família é algo que tem por objectivo a procriação.

A reacção do Primeiro Ministro foi:
Eu sou de um partido onde era absolutamente impossível que um líder pudesse dizer que o principal objectivo da família é a procriação. Não. Aqui no PS não temos essas frases.

Podem então adivinhar o meu espanto quando ontem acordei com a notícia de que o PS vai votar contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma iniciativa que vai ao Parlamento por parte, entre outros, do Bloco de Esquerda.

É que além de mostrar que só disse mal de Manuela Ferreira Leite por dizer - e note-se que todas e quaisquer frases dirigidas à senhora sobre o quão inaceitável é o que defendeu, são música para os meus ouvidos - na altura de put your money where your mouth is, descose-se o partido todo.

A única pergunta que me ocorre sobre esta tomada de posição é mas afinal de contas têm medo de exactamente o quê?

Mais reacções à família procriadora da Manela nos próximos posts.

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